Juniac, que se tornou CEO em julho, vai combinar adicionais de luxo, como refeições gourmet, com um esforço de redução de gastos que eliminará quase 10.000 empregos entre 2011 e 2015. Como os viajantes estão prontos para gastar mais, o investimento na experiência do cliente está intimamente ligado às economias, disse ele.
“Não podemos concorrer com as companhias aéreas do Golfo e da Ásia se não fornecermos o melhor serviço e o melhor produto”, disse Juniac, 51, ontem em entrevista na sede da Bloomberg em Nova York.
Apostar que o futuro da empresa está nas mãos dos viajantes premium faz com que Juniac enfrente concorrentes de longa distância — como a Etihad Airways PJCS, a Qatar Airways Ltd. e a Singapore Airlines Ltd. — que atualizaram seus jatos anteriormente. A Air France-KLM, com sede em Paris, registrou cinco perdas anuais em seis anos, pois o gasto em mão de obra superou o de combustível, uma reversão da situação na indústria dos EUA, que voltou a ser eficiente.
“Estávamos indo à falência”, disse Juniac, que assumiu a chefia da Air France-KLM após liderar a unidade da Air France por cerca de um ano e meio.
Após chegar tarde ao jogo dos equipamentos de luxo, que agora são o padrão em linhas aéreas como a Emirates e a Singapore Airlines, a Air France-KLM investirá 1 bilhão de euros (US$ 1,37 bilhões) em três ou quatro anos para aumentar o atrativo da sua frota de longa distância.
Assentos mais compridos
Os assentos totalmente reclináveis da classe executiva serão mais compridos do que os oferecidos pelos concorrentes, com travesseiros de pena e edredons, telas de mídia maiores e novos cardápios, disse Juniac. Ele disse que fez questão pessoalmente de que os passageiros tenham mais espaço para os pés.
“Acreditamos que as pessoas estão cansadas de ser maltratadas”, disse Juniac. “As pessoas estarão dispostas a pagar um pouco mais pela passagem aérea”.
O número de passageiros de voos internacionais em assentos da classe premium subiu 4,2 por cento em 2013 frente ao ano anterior, segundo a Associação Internacional do Transporte Aéreo. O mercado do Atlântico Norte, o maior em receita e onde a Air France-KLM atua, aumentou 2,4 por cento após ganhar somente 0,6 por cento no ano anterior, quando a Europa estava atolada na recessão.
As taxas mais altas para os voos de longa distância fazem com que os passageiros premium sejam especialmente valiosos. Dos 15 milhões de viajantes desses voos da Air France no ano passado, 1,6 milhão de passageiros que usaram a classe executiva contribuíram com um terço da receita, disse a empresa.
Rali das ações
Os investidores estão começando a gostar dos planos de recuperação da Air France-KLM, elevando as ações 22 por cento até ontem nos últimos 12 meses. Foi o suficiente para deixá-la na 11° posição entre 30 companhias aéreas no índice Bloomberg World Airlines. O índice CAC All-Tradable da França subiu 20 por cento no mesmo período.
A Air France-KLM também começou a forjar parcerias comerciais para fortalecer sua posição nos mercados fora da Europa, onde o crescimento do tráfego de passageiros é lento e a concorrência dos rivais de baixo custo é feroz.
“A África estará na linha do horizonte”, disse Juniac. A Air France-KLM já possui um acordo para compartilhar códigos de reserva com a Kenya Airways Ltd., arranjo que permite que ambas as companhias aéreas coloquem passageiros nos voos da outra.
Para espalhar sua visão de uma nova cara para a Air France-KLM, Juniac disse que planeja dobrar ou triplicar o orçamento de publicidade. A companhia aérea conta com 150 funcionários trabalhando em redes sociais e anunciará este mês uma nova campanha publicitária global e uma estratégia de investimentos em comunicação, disse.
“Os tablets e iPhones exigem que estejamos presentes em todos os lugares, o tempo todo”, disse.